Boas noites. Alguém ainda acompanhando isso aqui? Ninguém cobrou atualização então não sei se estão ainda aí! Enfim! Estou atualizando sete dias consecutivos pois fiquei sem computador decente e não queria postar do celular já que fiz muitas fotografias com minha câmera, apesar de não ter me inspirado tanto para consegui-las!
Domingo, 11 de maio
Onde paramos? Ah sim! Eu tinha acabado de chegar a Montevidéu e já estava planejando o retorno ao Brasil. Como sempre, nem sabia onde iria chegar, mas estava já com saudades da pátria amada. O sentimento se reforçou devido ao local onde me hospedei, um hostel muito bacana mas só tinha hóspede estranho e os funcionários estavam pouco se lixando para manter a ordem e silêncio depois das 00h, coisa padrão em qualquer hospedaria do mundo. Eram mais de duas da manhã e tinha gente cantarolando, bebendo e falando alto, inclusive os próprios funcionários. Eu sei que estava de férias e devia aproveitar, mas minha vontade de voltar ao Brasil era tamanha que não queria dormir tarde. Dito isso, acordei bem cedinho e já toquei pra estrada, primeiro a Punta Del Leste! Que lugar lindo! Me encantei. Eu sei que o Brasil tem praias melhores, mas Punta tem um charme fora do comum...
Assim que estacionava a moto para ver "Los Dedos" na praia, já vi um bocado de motociclistas brasileiros fazendo o mesmo, e, como sempre, puxei assunto e proseamos um bocado sobre a estrada, as motos...
No mais, não me quedei por lá muito tempo e fui logo rumando para o famoso Chuí! Iria dormir lá mas rolou uma decepção básica. O lugar é muito simples e não tem muitas atrações nem infraestrutura adequada para receber turistas. Apenas abasteci a moto corri para uma churrascaria brasileira e lá veio outra decepção: apesar da fachada e do tema ser brasileiro, os donos e todos os clientes eram uruguaios. Ainda me sentia um estrangeiro...
Mas antes de continuar vou contar um adendo que estava esperando para assim que entrasse no Brasil.
Nos parcos preparativos para a viagem, sempre procurei e ouvi informações sobre como seria o tratamento das policias argentinas e uruguaias para motoristas estrangeiros e fiquei griladíssimo sobre a corrupção da policia da Argentina. Pois bem, passei por 13 barreiras policiais em mais de 1300km rodados naquele país e ninguém me incomodou em nada. Tinha até separado o dinheiro da "gorjeta" mas não aconteceu nada! No Uruguai não esperava isso, pois sempre comentaram que são policiais mais honestos, mas também nem barreira vi por lá. Em suma: Em 1900km rodados entre Argentina e Uruguai não me aconteceu bulhufas. Até foi muito chato, isso sim, pois os pampas são lindos e muito, mas muito planos. São quilômetros e quilômetros de estradas retas e vazias. Eu vi muita pobreza nestes dois países e territórios imensos e despovoados. O Uruguai, por exemplo, tem apenas 3 milhões de habitantes. Pense! Mas fui bem acolhido em ambos os países e voltaria sem problemas, mas não faria novamente essa viagem solitária por ali, morreria de tédio das estradas!
Voltando ao Brasil. Ainda no Chuí decidi então ir para Rio Grande-RS, uns 300km dali. E foram mais tantos quilômetros de estradas planas e vazias, coisas dos pampas, lindos, mas não desafiam as habilidades de nenhum tipo de motorista. Era tanto marasmo que tive que parar para lavar o rosto, tomar uma água e esticar as pernas para ver se acordava. Pra complementar, coloquei um som pra ir ouvindo e cantarolando pra me manter ligado. O sono passou de vez quando enfim cheguei na linda Estação Ecológica do Taim. Fica situada numa estreita faixa de terra entre o oceano e a Lagoa Mirim, e a rodovia atravessa por toda sua extensão. É tão próximo que a velocidade máxima é diminuída de 110 para 60, para que ninguém atropele nenhum animal, mesmo assim ainda haviam alguns corpos na pista...No mais é uma paisagem maravilhosa e vale a pena a visita. Pena que não consegui fazer nenhuma foto de nenhum bicho pois estavam muito distantes. O único animal que fiz foto então foi eu mesmo.
A chegada em Rio Grande foi conturbada. Estrada cheia demais e já era noite. Além disso, como não tinha reserva de nada, fiquei procurando hoteis pela internet e a única opção que eu consegui com bom custoXbenefício era numa pousada fora da cidade. Toquei pra lá e rodei rodei rodei sem encontrar. Já meio puto da vida, fui rumo à Pelotas, a uns 60km dali, para ver se encontrava algo com mais facilidade. Mas como sou muito grilado em pilotar de noite, parei num posto para pedir informações sobre hoteis e eis que lá mesmo tinha um desses hotéis de caminhoneiro, com restaurante e tudo. Pronto. Decidi ficar ali mesmo. Hospedaria simples mas eficaz...e capotei!
Segunda-feira, 12 de maio
Acordei cedo e enrolei, pensa na preguiça! Tomei um café padrão no restaurante do posto, ajeitei a bagagem e rumei pra Porto Alegre! Uhu! Saudades da cidade. De ansioso eu nem pensava em mais nada, apenas pegar estrada para chegar logo...mas já rolou um estresse. Em grande parte da via que liga Pelotas a PoA está havendo uma obra de duplicação cuja está atravancando o trânsito horrores. Me estressei bastante com a quantidade imensa de caminhões e falta de pontos de ultrapassagem. Em certos trechos haviam menos veículos e consegui desenvolver melhor a viagem. Acho que o trânsito entre Pelotas e Porto Alegre deu bem mais carros que a soma de todos que passei nas estradas argentinas e uruguaias, sem exagero! Enfim, espero que terminem logo essa obra.
Cheguei a Porto Alegre por volta das 16h e fui a um hostel que nem tinha reservado, mas graças a Deus tinha vaga e era um lugar muito, mas muito mais organizado que aquela zona de Montevidéu! Nem me demorei muito em tomar banho e já sair pra rua, afinal, adoro aquilo ali. Mas primeiro, fui lavar a imensa quantidade de roupas sujas que tava me importunando. Por sorte, na esquina do hostel havia uma lavanderia self-service batuta e rapidinho resolvi esse problema. De noite já estava eu lá no centro da cidade fotografando, como sempre...
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Tava na hora de tirar a nhaca da roupa! |
Terça-feira, 13 de maio
Adivinha o que fui fazer? Ruar, claro. Assim que acordei já me ajeitei e fui pra rua. Meu esporte favorito depois de motociclismo é fazer turismo como simples pedestre e o fiz só que dessa vez aluguei uma dessas bicicletas do Itaú, que ficam estações em vários pontos da cidade. Acho que nesse dia rodei uns 15 km só pedalando e foi bom. Vi muitas coisas que não conhecia da cidade e consegui fugir do roteiro padrão, conhecendo os lugares mais barra pesada e outros menos atraentes. Eu acredito que só conhece-se bem um lugar se você desvendar suas entranhas. Sempre faço isso, até mesmo sem querer querendo...sempre me meto em becos escuros e vielas ocultas..maluco!
Como já estava cansado das caminhadas que tinha feito em todas as cidades que visitei , voltei cedo para o hostel e fui descasar. No dia seguinte iria partir para Floripa!
Quarta-feira, 14 de maio
Na saída do hostel me deparei com um céuzão azulão, lindo! Achei que seria o dia inteiro assim. Ledo engano. Não durou dez minutos e já esbarrei com a neblina do lagoGuaíba ainda dentro da cidade e ainda tava frio, o mundo conspirando para me aquietar..mas não cedi e continuei. Êta estrada movimentada essa BR-101! Lá ia eu novamente me debruçar ao estresse da rodovia ao invés de me divertir, porém, uma hora depois, o sol voltou, tímido mas eficaz, trazendo também uma calmaria no trânsito e minha animação de volta. Fora que aquele trecho da BR no norte do RS é lindo! Que paisagem encantadora! Não tirei muitas fotos pois não podia perder tempo, afinal, iria dirigir uns 600km este dia e já tinha me atrasado para saí, mas consegui pelo menos fazer uma foto do campo de energia eólica que tem ali naquelas bandas...
Ao final do dia, já bem cansado de toda a viagem, chego a Florianopolis e vou direto a uma oficina mecânica para trocar as pastilhas do freio dianteiro da moto e trocar o óleo do motor novamente, afinal, tinha passado um susto dias antes ao descobrir que não tinham feito a troca que eu havia pago ainda em Brasília mas só descobri no Paraná! Graças a Deus não aconteceu nada e fiz os serviços que a moto precisava sem nenhum perrengue. Nesse meio tempo encontrei com um outro motociclista solitário que estava por aquelas bandas e que tá viajando solto por aí , de férias também. Ele disse que aceitava sugestões, pois era um paraguaio afim de conhecer o Brasil. Então sugeri Brasília e de pronto ele aceitou! Que louco! Dali pra frente eu não teria mais minha viagem solo, mas pelo menos arrumei um comparsa para trocar ideia nos trechos das BR's da vida. Beleza! Ele se chama Glauco Vuelta! Saímos para tomar uma cerveja de noite e combinarmos o trajeto. Nos despedimos e eu fui caçar cama. De manhã cedo já queria estar ruando, claro!
Quinta-feira, 15 de maio
Ah Floripa, como pode ser tão bonita! Que paisagem bacana, que coisa inspiradora! A previsão do tempo dizia que iria chover, mas só vi o céu límpido me convidando para andar de moto pela orla, e lá fui eu...
Na verdade não andei muito pela cidade, apenas nas redondezas do hotel. Eu já conhecia as praias mais badaladas e não tava muito afim de ir longe sozinho não. Realmente o cansaço da viagem já tinha me pegado, apesar de ainda estar disposto, resolvi não abusar. Acabou que não tirei muitas fotos mas já valeu a visita ao mar!
Sexta-feira, 16 de maio
Logo cedo encontrei com o colega novo de estrada, Don Glauco, a quem questionei qual seria o trajeto para Brasília. Como ele não conhecia muitas opções, decidi fazer uma "loucura" e prolongar o tempo de estrada pegando a famosa estrada do Rastro da Serpente, entre Curitiba e Capão Bonito-SP. Saímos bem cedo de Floripa e já tocamos para a famosa estrada. Por volta de 11h da manhã alcançamos a região serrana e já metemos nas sinuosas estradas. Não demorou muito para perceber que entramos pela parte errada pois depois de uns 15km de estrada asfaltada pegamos um trecho de 30km de terra batida. Foda! Nossas motos não têm espírito off-road mas permanecemos por ali, já que se fossemos voltar para a entrada certa iríamos perder muito tempo. Tudo isso aconteceu por conta da opção que pedi para o GPS apontar de pegar um caminho mais curto. Apesar dos pesares, alcançamos logo uma cidade chamada Bocaíúva do Sul e almoçamos por ali, dando em seguida a viagem pela estrada do Rastro da Serpente. Que região bonita e interessante. Me senti um pouco na europa por conta dos bosques e florestas repletos de pinheiros. A estrada é muito, mas muito sinuosa, não conseguia desenvolver mais que 50km/h. São mais de 800 em um percurso de 260km. Na verdade é muito cansativo mas vale a experiência. O trecho dentro do estado de São Paulo conseguimos desenvolver mais e até nos divertimos mais, apesar da estrada estar bem mal cuidada. Seguem fotos da localidade e do trecho que tomamos errado!
Já chegando ao fim da jornada, faltando uns 30km para Capão Bonito-SP, decidimos tocar para a cidade pois esta teria uma maior quantidade de opções hoteleiras, coisa interessante para quem não programou nada e está chegando de sopetão. Porém, por ser uma serra bem fechada, haviam umas nuvens negras demais na área, ameaçando minha invencibilidade pluviométrica. Dito e feito! Abusei da sorte e por vinte quilometros fomos atacados por uma chuva torrencial, numa área de serra e de noite. Aff! Assim que saímos da serra adivinhem? A chuva cessou e em Capão Bonito estava um tempo bonito...bem feito pra mim, Devia ter ficado quieto ainda em Apiai, onde havia parado para tomar um café antes de pegar o último trecho da estrada. Valeu a experiência motociclística, mas não repetirei jamais!
Sábado, 17 de maio
Em Capão Bonito não fiz turismo algum, estava com pressa de sair e assim o fiz. Meu destino apenas era tentar chegar a São Carlos-SP para encontrar minha prima Cecília que mora por lá para o almoço juntos:
De lá saí apressado para Uberlândia, para evitar o máximo possível trechos noturnos, mesmo assim peguei um pouco de estrada escura mas deu tudo certo. Assim que cheguei na cidade fui logo ao bar do eu tio Jairo onde encontrei a ele e minhas primas Jenifer e Jéssica, consecutivamente, abaixo.
Agora estou postando da casa do noivo da Jenifer, o Julio, onde ganhei abrigo para esta noite. Abusado né? Mas o que puder fazer por eles em Brasília será feito!
No mais é isso! Demorei demais para postar e acabou que ficou um conteúdo bastante extenso. Amanhã provavelmente escreverei o último capítulo da viagem , não sei se de Goiânia ou de Brasília. Já estou quase na casa dos 7mil km rodados e amanhã baterei esse recorde pessoal!
Até daqui a pouco então, pessoal! Abraços